A Oficina de Formação de Capacidade no tema de Patrimônio Cultural Kaingáng alcançou o povo Kaingáng de São Paulo, sendo realizada na TI Icatu, em Braúna, com a participação de aproximadamente 30 indígenas Kaingáng do estado.
Já entrando na etapa de conclusão na realização das oficinas de formação de capacidade para o povo Kaingáng, a Organização Indígena Instituto Kaingáng/Inka e Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual/Inbrapi, cumpriu nos dias 09 e 10 de novembro, a penúltima oficina ao povo Kaingáng, agora para os de São Paulo.
As oficinas vem ocorrendo ao longo de 2023 após o acordo de repartição coletiva de benefícios firmado entre a Produtora Floresta e o povo Kaingáng no início do ano durante as Consultas Públicas sobre o uso de expressões culturais tradicionais em audiovisual, prever a realização de formações de capacidade nos temas de educação indígena e patrimônio cultural Kaingáng ao povo Kaingáng dos quatro estados no Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
O trabalho conta com aporte majoritário da produtora Floresta e parcerias obtidas pelo Inka junto das escolas indígenas nas localidades onde são disponibilizadas as oficinas.
Formação na Comunidade Indígena Icatu
A Oficina do Inka contou com apoio dos professores Kaingáng da Escola Estadual Indígena Índia Maria Rosa, da comunidade Icatu, do cacique da TI, Ronaldo Kaingáng, e a presença do coordenador da Fundação Nacional dos Povos Indígenas/Funai, Coordenação Técnica Local/CTL de Braúna (SP), Roberto Camargo Martins, e da representante da Diretoria de Ensino da Região de Penápolis, Carem Adriana Passafaro.
Alguns temas em discussão na oficina foram a Educação Escolar Indígena e reflexões ao longo de 50 anos abordado pela professora e presidente do Instituto Kaingáng/Inka, Andila Kaingáng, a Valorização da Cultura Kaingáng na Escola Indígena, a partir de experiências e práticas, com a advogada kaingáng e gestora do Inka, Susana Fakój, e o Currículo Escolar e seus desafios nas Escolas Indígenas, com o professor e historiador kaingáng, Bruno Ferreira.
A kujá e representante do Museu Worikg da TI Vanuíre, Dirce, esteve nas discussões sobre educação e cultura indígena e enfatizou que a cultura Kaingáng não acabou, que apenas adormeceu. “Algumas coisas estão adormecidas. Eu acordei a nossa cultura na terra indígena Vanuíre com a ajuda da minha mãe. Nós, indígenas (não só do nosso povo), de todos os povos, tem que ter a sua cultura, tem que ter os seus costumes e hoje todos conhecem o povo Kaingáng aqui no oeste paulista porque eu levo a cultura para poder reforçar. Vocês não perderam a cultura, é só ter força para acordar ela, porque se você fala que perdeu, então deixou de existir nosso povo”.
A kujá Dirce ainda reforçou o valor dos velhos na cultura Kaingáng. “Os velhos são nossos dicionários, o que a gente aprende com nossos mais velhos não aprende na escola e é o que vamos passar para os mais novos. Onde existir um kaingáng nunca vou deixar de cantar, eu nasci kaingáng e vou levar nossa cultura, nossos costumes e vou morrer kaingáng”, concluiu.
Com a etapa das formações finalizadas para os Kaingáng de São Paulo, apenas o estado do Paraná está em agendamento de datas para a realização das oficinas, previstas para início de 2024, onde o ciclo de trabalho será concluído.
Por: Sônia Kaingáng
